Todas as áreas económicas, ambientais e sociais poderão beneficiar da tecnologia.
Todavia, no âmbito da Cooperação Bilateral implementada pela Camões, I. P., as áreas que melhor podem usufruir da tecnologia são a saúde e a educação, enquanto bens públicos globais e enquanto áreas com um grande potencial multiplicador ao nível do desenvolvimento sustentável.
No que toca à Saúde, a Cooperação Portuguesa tem vindo a desenvolver um Projeto, em São Tomé e Príncipe (STP), no qual a tecnologia tem tido um papel relevante. Trata-se do “Projeto Saúde para Todos”, projeto de referência no sector da saúde e que tem logrado resultados expressivos na melhoria dos indicadores de saúde em STP, ao garantir o acesso aos cuidados básicos, promovendo a prevenção e tratamento precoce de situações clínicas e nos cuidados especializados prestados nos dois hospitais em STP. Especialmente, na componente de cuidados especializados, o projeto tem focado grande parte da sua ação na telemedicina.
O recurso a uma interface que pode ser ligada a um qualquer computador portátil e equipamento médico (ecógrafo, TAC, etc.) permite a transferência das imagens para ambiente web. Estas imagens, bem como o ficheiro clínico do doente, podem ser partilhadas por um ou vários médicos/técnicos de saúde, em qualquer parte do mundo, podendo os exames atuais e anteriores, ser visualizados em simultâneo e partilhados com todos os assistentes.
A telemedicina permite que a marcação de consultas, o carregamento de exames e ficheiros clínicos e a sua manipulação em direto, bem como o contacto direto entre doente e médico, dependa de um computador normal com uma simples ligação à internet de 1 MB.
Em 2015, foi acrescentada mais uma valência da telemedicina, o TELEYE®, que permite a realização de exames oftalmológicos completos à distância, em tempo real ou diferido. O TELEYE® é constituído por equipamentos oftalmológicos integrados na plataforma de telemedicina, que permitem a realização de diferentes exames oftalmológicos, cujas imagens têm a qualidade, acuidade e rigor exigidos para a obtenção de um diagnóstico clínico seguro, à distância.
No domínio da Educação, o recurso a plataformas digitais é também, e especialmente, nestes tempos de pandemia, uma alternativa aos métodos tradicionais de ensino.
As soluções de e-learning ou b-learning têm vindo a ser, estrategicamente, equacionadas em algumas intervenções, contudo e tendo em conta as geografias de intervenção privilegiadas da Cooperação Portuguesa, o recurso a estas soluções ainda não é generalizado tendo em conta as limitações existentes quer ao nível das coberturas de rede, quer dos custos associados.
No âmbito da cooperação europeia, o Camões, IP gere projetos em nome da UE, sendo de destacar dois que, direta ou indiretamente, contribuem para a modernização e melhoria da governação e infraestruturas de serviços como áreas indicativas:
- Projeto GESTDOC (Modernização e Reforço da Cadeia de Identificação e Segurança Documental em Cabo Verde e na Guiné-Bissau), cujo objetivo assenta na melhoria dos níveis de segurança e da gestão das migrações em Cabo Verde e na Guiné-Bissau, através da modernização do sistema de emissão de documentos de identificação, reforçando, assim os níveis de segurança e a capacidade da aplicação da lei, incluindo controlo documental fronteiriço e questões relacionadas com migrações;
- O PASP PALOP-TL (Projeto de Apoio à Melhoria de Qualidade e Proximidade dos Serviços Públicos dos PALOP e Timor Leste), embora tenha terminado em 2018, constitui outro bom exemplo da importância do digital. O objetivo do projeto passou pela modernização das administrações públicas dos PALOP e TL, através da informatização dos serviços públicos (Governação Eletrónica).
No plano multilateral, de referir a Agenda Digital CPLP e o Centro de Excelência da União Internacional das Telecomunicações (UIT) para países africanos de expressão portuguesa. A Agenda Digital da CPLP, tem quatro pilares: infraestrutura de comunicações eletrónicas; serviços digitais; segurança digital; e alfabetização digital.