Carta às mulheres de hoje, que abraçarão a tecnologia do amanhã*
Enquanto conheces melhor e te aventuras no mundo da tecnologia, quero partilhar contigo, não apenas palavras de força e encorajamento, mas também um olhar realista sobre os desafios que poderás encontrar pela frente. Como mulher que lidera uma empresa tecnológica com uma forte representação feminina (43%), acredito que estar preparada é o primeiro passo para o sucesso.
Aqui estão quatro grandes desafios que muitas mulheres encontram em carreiras tecnológicas. A boa notícia? É possível superá-los todos!
1. Sub-representação feminina: Em muitos ambientes tecnológicos, as mulheres ainda são uma minoria. Isto pode resultar em sentimentos de isolamento, falta de confiança e a sensação de que precisas de provar o teu valor constantemente. A escassa presença de modelos femininos pode também dificultar-te a visualização de um caminho de carreira bem-sucedido.
Como superar? Procura grupos de apoio, como redes de mulheres em tecnologia, dentro e fora da tua universidade ou local de trabalho. Estas comunidades podem oferecer-te um espaço seguro para partilha de experiências, além de mentoria, apoio emocional e conselhos práticos valiosos. A participação nestes grupos pode também proporcionar-te oportunidades de networking, workshops e projetos específicos importantes para o teu crescimento profissional e pessoal.
2. Estereótipos de género: Apesar dos avanços assistidos ao longo das últimas décadas, os estereótipos de género persistem, podendo influenciar as expetativas sobre o que as mulheres podem ou não fazer e alcançar em tecnologia. Estas ideias pré-concebidas podem minar a autoestima, o desempenho e o sucesso da tua carreira a longo prazo.
Como Superar? Mantém-te firme nas tuas capacidades e trabalha para provar que esses estereótipos estão completamente errados. Celebra cada uma das tuas conquistas e não tenhas medo de manifestar a tua opinião. A tua competência, determinação e paixão pela tecnologia falarão mais alto.
3. Atualização contínua de competências: O cenário de rápida transformação tecnológica exige uma adaptação contínua e o desenvolvimento de novas competências, o que pode ser especialmente desafiador num ambiente onde as mulheres já enfrentam várias outras barreiras.
Como superar? Adota uma mentalidade de aprendizagem contínua. Participa em formações online e workshops, assiste a conferências e entra em contacto com comunidades tecnológicas. Desta forma, poderás manter-te atualizada sobre as últimas tendências e ainda construir uma rede de apoio com outros profissionais que enfrentam desafios semelhantes. Encara a adaptabilidade e a resiliência como uma vantagem competitiva.
4.Vieses inconscientes: O viés inconsciente (atitude que afeta a nossa compreensão e ação de maneira inconsciente ou não intencional) pode influenciar decisões de contratação, avaliações de desempenho e promoções, muitas vezes em detrimento das mulheres. Isto pode limitar o acesso das mulheres a oportunidades iguais de crescimento e desenvolvimento na carreira.
Como Superar? Faz-te ouvir. Participa ativamente em reuniões, partilha as tuas sugestões e trabalha para deixar a tua presença bem vincada. Procura mentores e pares que possam ajudar-te a abrir caminhos e a defender o teu potencial.
Embora estes desafios possam parecer intimidantes, lembra-te que cada um deles também representa uma oportunidade para cresceres, aprenderes e liderares pelo exemplo. A tua jornada na tecnologia tem o poder de inspirar a próxima geração de mulheres e meninas na tecnologia.
Como disse Fei-Fei Li, Professora, Cientista da computação e Co-diretora do Stanford Human-Centered AI Institute, “Se estamos a tentar moldar um mundo tecnológico que realmente sirva a humanidade, a tecnologia também precisa ser moldada por todas as pessoas.” Lembra-te: tu fazes parte dessas pessoas.
Vamos juntas mudar a narrativa e criar um futuro onde a igualdade de género na tecnologia seja a norma, não a exceção!
Com enorme admiração e votos de que tenhas uma carreira tecnológica brilhante,
Cristina Marinhas, CEO da Quidgest
*Este artigo foi publicado originalmente na Mais Superior.