Q-Day Conference 2023 mostrou e demonstrou que a IA Generativa é ‘duplamente’ descodificável
A Q-Day Conference decorreu no passado dia 19 de setembro e reuniu mais de 1600 participantes – os presentes no auditório da Culturgest, em Lisboa, e os que acompanharam o evento online via live streaming.
A 14.ª edição da Q-Day Conference, evento anual organizado pela Quidgest, teve este ano como mote “Decoding Generative AI”.
João Paulo Carvalho, Co-fundador e Senior Partner da Quidgest, aproveitou a Sessão de Abertura do evento para explicar aos participantes o porquê deste tema, referindo que, se, por um lado, a IA Generativa é descodificável, porque “não é magia, não é sobrenatural, não é inexplicável. É ciência, é uma competência, é algo que todos podemos entender e utilizar”, por outro, “A IA Generativa automatiza o desenvolvimento de software, retirando o foco do código (descodifica) e deixando mais tempo para as soluções”.
Recordando que a Quidgest e a plataforma Genio nasceram com a segunda vaga de IA e mantiveram sempre a aposta e o investimento em I&D, durante as décadas de “inverno” que viram outros players desistir, João Paulo Carvalho sublinhou que a componente ‘generativa’ está na origem do próprio Genio… há já 33 anos! O Co-fundador da Quidgest sublinhou ainda a importância de realizar a Q-Day Conference há já 14 anos consecutivos, porque “quando dominamos os conceitos, afastamos as distopias sobre a IA” e aprofundar este tema é entender que “a Inteligência Artificial é várias coisas, mas é sempre Inteligência Humana”.
O evento, que contou com o Alto Patrocínio do Senhor Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, deu a conhecer novos horizontes tecnológicos e de transformação digital distribuídos por quatro grandes painéis temáticos.
Painel 1 – Descodificar a IA Generativa para uma Mudança Positiva com Consciência Global
João Paulo Carvalho voltou a pisar o palco como orador do primeiro painel, desta vez para se focar nas diferenças de perspetivas na Inteligência Artificial. Se a distinção entre IA Discriminativa e IA Generativa é pacífica (a primeira sugeria conteúdos que gostaríamos de ver, mas não sabia explicar porquê; enquanto a segunda é capaz de criar conteúdos e/ou imagens de que gostamos, por exemplo), o mesmo não acontece com outra diferença fundamental de perspetivas na IA.
Trata-se da diferença entre IA Simbólica (tenta replicar o pensamento racional e consciente; modela o raciocínio humano através de regras e algoritmos explícitos; tem como objetivo criar sistemas que pensam de forma lógica, resolvem problemas, demonstram teoremas e são compreendidos pelos humanos) e IA Neuronal (tenta imitar o funcionamento dos neurónios no cérebro humano; não se preocupa com a lógica explícita ou o raciocínio consciente; foca-se em criar sistemas que, sem recorrer a explicações, são eficazes em estabelecer associações estatísticas entre grandes volumes de informação).
Para simplificar e contextualizar esta distinção, João Paulo Carvalho referiu que Simbólica e Neuronal são o “como” da Inteligência Artificial. Discriminativa e Generativa são o “para quê” da Inteligência Artificial. A IA Generativa Neuronal (ChatGPT) é muito boa a reconhecer padrões em grandes conjuntos de informação. Já a IA Generativa Simbólica (plataforma Genio) é fiável, rastreável, forte em raciocínio lógico e representação explícita do conhecimento. “Combinar as IA Generativas Neuronal e Simbólica é a aposta mais promissora”, sobretudo quando aplicamos esta combinação ao desenvolvimento de software na Quidgest, concluiu o orador.
Paulo Dimas, Vice-Presidente para a Inovação na Unbabel e CEO do Center for Responsible AI, começou por desafiar os presentes sobre o impacto da IA Generativa, que promete ser equivalente a 10X o PIB de Portugal em apenas 10 anos, segundo estudos recentes da McKinsey & Company. O crescimento de utilizadores é cada vez mais rápido, identificar o autor (humano ou artificial) de textos e imagens começa a ser quase impossível e, no final, falamos de 300 milhões de empregos impactados.
Mas será que a IA vai destruir a humanidade? Se calhar, a IA pode é salvar-nos da extinção. Mas existem riscos sérios, explicou o orador, sublinhando a importância de zelar por uma IA Responsável – uma IA que é simultaneamente justa, explicável e sustentável.
Paulo Dimas referiu que é essa a missão do Center for Responsible AI e que, neste momento, existem já 21 produtos que utilizam IA Responsável, em áreas como o diagnóstico em urgências, o acesso a dados de saúde ou a investigação clínica. “Estamos a contribuir para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU”, concluiu.
Pedro Oliveira, Dean da Nova School of Business and Economics e Professor na Copenhagen Business School, explicou na sua apresentação como é que se pode utilizar a IA para o Bem Social, ajudando os pacientes a ajudarem-se a eles próprios.
O orador aproveitou a sua apresentação para explicar como a IA contribui para a interpretação de dados (para compreender melhor as condições médicas e/ou lacunas); a assistência à conceção (desenho e prototipagem de dispositivos médicos); a personalização (para que dispositivos ou software se adaptem melhor às necessidades individuais dos doentes); a prototipagem rápida (para teste rápido e aceleração do processo de desenvolvimento geral); e a relação custo-eficácia (menos custos associados ao desenvolvimento de novas soluções médicas).
Através de exemplos específicos em que um humano pede indicações precisas a uma máquina de IA (ChatGPT) para resolver problemas concretos, tais como pedir o “passo a passo para evitar ser picado por mosquitos e infetado com malária”, é possível criar produtos/repelentes ao alcance de qualquer pessoa e dar, assim, um novo significado à palavra inovação. “A IA vai revolucionar totalmente a forma como pensamos os processos de inovação e empreendedorismo”, resumiu Pedro Oliveira.
Sandro Mendonça, Professor do Departamento de Economia no ISCTE Business School – Instituto Universitário de Lisboa, trouxe para cima da mesa o tema “IA e Padrões técnicos”, isto é a camada das infraestruturas intangíveis: papel, progresso e potencial. Referindo que a IA Generativa é um tema que assola o mundo e que a própria tecnologia “anda à solta”, o orador sublinhou também a atual corrida às regras na IA. O despertar para a regula(menta)ção não só possui várias abordagens (impulsos supra-nacionais na Europa, intenções transnacionais como o processo de Hiroshima, e iniciativas nacionais na China ou no Brasil); como proliferam os diferentes paradigmas (orientados à “proteção”, ao “risco” e ao “domínio”).
O orador disse que “assistimos a uma verdadeira disputa pela liderança regulatória e pela liderança industrial”. Os padrões são regras partilhadas para conceber ou medir produtos e processos. Já a normalização para a mudança acaba por ser um tipo específico de inovação: os “padrões técnicos” são inovação institucional/não tecnológica; e estes podem ser reativos, responsivos e antecipativos, trazendo consigo igual conta de virtudes (menores custos de transação e maiores economias de escala e efeitos de rede) e vicissitudes (equilíbrio pró e anti competitivo, “trade-off”, e trancas tecnológicas, “lock-in” ou “path dependence”).
Em jeito de conclusão, Sandro Mendonça explicou como funciona a estrutura da Normalização em Portugal, referindo os Organismos de Normalização Nacional, Setorial, Comissões Técnicas e Vogais que contribuem atualmente para o enquadramento à atividade de Normalização em Inteligência Artificial.
Painel 2: Descodificar a IA Generativa para uma Nova Geração de Serviços Públicos
Cesar Pestana, Presidente do Conselho Diretivo da Entidade de Serviços Partilhados da Administração Pública (ESPAP), inaugurou as apresentações do segundo painel e enumerou algumas das principais potencialidades da IA para a agilização, a simplificação e a transparência dos processos e procedimentos na Administração Pública.
Para o orador, existem diferentes fatores que facilitam esta realidade: um contexto de transformação digital (e climático) significativo com apoio do PRR; um mercado de fornecedores de tecnologia muito importante a nível nacional, europeu e mundial; um quadro legislativo nas áreas tecnológicas mais claro; e uma cultura de adoção tecnológica muito elevada, tanto no setor público como privado.
No caso específico da ESPAP, o Presidente do Conselho Diretivo referiu que estão a ser levadas a cabo as seguintes iniciativas: protocolos de colaboração com universidades para promover a compreensão da teoria e prática de IA & Machine Learning; IA em Chatbots, em aplicações e em portais; IA em RPA nas operações de suporte tecnológico; mas também o planeamento da sua aplicação na renovação dos sistemas transacionais e de data analytics, na generalidade das áreas integrando informação.
“Vamos continuar a disponibilizar estas tecnologias nas nossas plataformas de Serviços Partilhados”, acrescentou ainda César Pestana, sublinhando que “a IA não substitui o humano, mas é um instrumento que permite aumentar de forma significativa a capacidade do humano de chegar mais longe”.
João Dias, Presidente da Agência para a Modernização Administrativa (AMA), desafiou a plateia a refletir sobre o tema da “IA nos Serviços Públicos para o Cidadão”. O orador reforçou a mensagem de que Portugal se encontra na vanguarda da transformação digital, nomeadamente pela Presidência da aliança Digital Nations, pelas Melhorias no DESI (índice de digitalização da UE), bem como pelos avanços no Open Data Maturity Report.
Como exemplos de Inovações na Administração Pública Portuguesa, João Dias referiu a desmaterialização completa do Cartão de Cidadão, o uso do telemóvel como documento de identificação, o reconhecimento europeu do Cartão de Cidadão desmaterializado, e a App SNS24 para acesso a resultados de exames de saúde.
A encerrar a sua participação, o orador lembrou aos participantes a Missão da AMA: “Simplificar a vida dos cidadãos”. Como? Apostando na transformação digital para melhorar o atendimento público – como é disso exemplo a assistente virtual da AMA, assente no modelo GPT 3.5 Turbo, e capaz de reconhecer voz e escrita em português, sincronizar movimentos de boca e áudio gerado e prestar um atendimento de 24 horas por dia os sete dias da semana. “A Inteligência Artificial é uma aliada fundamental na procura por serviços públicos mais eficientes e acessíveis, beneficiando a sociedade como um todo”, concluiu ainda João Dias.
Pedro Dominguinhos, Presidente da Comissão Nacional de Acompanhamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), lembrou aos participantes a natureza do PPR – um programa baseado num mecanismo Europeu para responder à Pandemia, com vista a tornar a sociedade mais resiliente e promover a dupla transição: climática e digital.
Ao todo, são três dimensões abrangidas (Resiliência, Transição Climática e Transição Digital), 20 componentes e 115 medidas (32 reformas + 83 investimentos) que totalizam 16.644 milhões de euros. Mas quais as oportunidades do PRR aliado à IA? Pedro Dominguinhos explicou que o PRR disponibiliza um conjunto de oportunidades/ investimentos que pretendem responder a vários desafios: mais competitividade e inovação; mais competências e melhor alinhadas com os desafios; e melhores serviços públicos, mais digitais e acessíveis.
No caso das empresas, são esperadas agendas mobilizadoras, empresas 4.0 e capitalização empresarial. Para os cidadãos, as oportunidades traduzem-se em qualificações e competências, empresas 4.0 com formação digital e capacitação para a Administração Pública. Já no caso da Administração Pública, os investimentos vão no sentido da transição digital na saúde, da qualidade e sustentabilidade das finanças públicas, da justiça económica e ambiente dos negócios, bem como de uma Administração Pública mais eficiente. Antes de terminar, o orador sublinhou ainda a “relevância das parcerias na capacidade de alavancar os investimentos e potenciar os resultados e os impactos”, bem como a “importância das empresas possuírem planos de transformação digital, de forma a potenciar os apoios disponíveis”.
Wagner Araujo, Investigador Associado na Universidade das Nações Unidas, Unidade de Governação Eletrónica (UNU-EGOV), aproveitou a sua apresentação para refletir sobre o propósito da IA Generativa para o Setor Público. Utilizando inspiradoras metáforas vindas do conto “Alice no País das Maravilhas”, o orador explicou que os objetivos de uma estratégia eGOV são vários: tornar o Governo mais eficiente; tornar o Governo mais transparente e responsável; melhorar os serviços públicos; e melhorar a relação entre o Setor Público e a sociedade. “A IA deve apoiar a procura constante pela (boa) governação? Isso é o que importa”, referiu o investigador.
Mas o que é uma (boa) governação? Se o processo de governação corre bem, é normalmente referido como uma “boa governação”, tendo o Governo as seguintes características: é participativo e orientado para o consenso; é responsável e transparente; responde ao que as comunidades precisam; é eficaz e eficiente; é equitativo e inclusivo; segue o chamado rule of law, ou o “Estado de Direito”.
Recorrendo a vários exemplos que ilustraram a afirmação, o orador explicou também que “a IA Generativa tem que receber as perguntas corretas, para fornecer uma resposta adequada”.
Marcelo Ribeiro, Software Developer na Quidgest, encerrou o segundo painel com uma apresentação sobre “O valor do tempo no Mundo Moderno”. O orador lembrou que a proliferação tecnológica está frequentemente associada à pressão para a produtividade, à necessidade de espaços de reflexão e introspeção e à importância de reavaliar a verdadeira definição de um “dia produtivo”. Contudo, com a chegada dos Large Language Models (LLM), tornou-se muito mais fácil o acesso a grandes volumes de texto, a utilização de redes neuronais avançadas para compreender e processar dados, e a geração de respostas, com recurso a interações de forma coerente e contextual.
Para Marcelo Ribeiro, o impacto da IA é transversal a vários domínios e permite analisar requisitos a estimativas mais exatas, utilizando dados históricos; automatizar e otimizar a criação e manutenção de documentos; ajudar na implementação de desenvolvimentos baseados em Natural Language Processing (NLP); criar Chatbots que permitem uma interação mais natural e eficiente; ou algoritmos para a análise de irregularidades e padrões, permitindo ao utilizador focar a sua atenção.
No futuro, perspetiva-se que os modelos de IA continuem a evoluir e a ser treinados para tarefas cada vez mais específicas, que a regulação e a privacidade dos dados seja uma prioridade, e que as empresas que pretendam continuar a prosperar (e mesmo a existir) se preparem para integrar e abraçar rapidamente os avanços tecnológicos nesta área, terminou o Software Developer na Quidgest.
Prémios Co-Inovação
A entrega dos Prémios de Co-Inovação foi um dos momentos altos da Q-Day Conference, porque reconheceu os clientes e parceiros da Quidgest que participam mais ativamente no desenvolvimento de soluções digitais que se destacam em Portugal e no mundo.
- Prémio de Co-inovação Clientes com História | ERC – Entidade Reguladora para a Comunicação Social;
- Prémio de Co-inovação Clientes com História | DROPEP – Direção Regional da Organização, Planeamento e Emprego Público do Governo Regional dos Açores;
- Prémio de Co-inovação Ciência e Academia | Universidade do Minho;
- Prémio de Co-inovação Privacidade Digital | Grupo Lusíadas Saúde;
- Prémio de Co-inovação para a Saúde | Centro Hospitalar Universitário Cova da Beira;
- Prémio de Co-inovação para a Comunidade Local | Câmara Municipal de Cascais;
- Prémio de Co-inovação Qualificação para a Criação de Valor Público | ADENE – Agência para a Energia;
- Prémio de Co-inovação para a Transformação Digital | Camões – Instituto da Cooperação e da Língua;
- Prémio de Co-inovação para a Gestão Pública | Direção Geral do Tesouro do Ministério das Finanças de Cabo Verde;
- Prémio de Co-inovação em Rede | EEA Grants Portugal;
- International Partner Co-innovation | Kroll Portugal;
- Prémio de Co-Inovação para o Sector Financeiro | MarTrust Europe;
- Prémio de Co-Inovação New Most Valuable Product | AGD – Accountant General’s Department, Jamaica
- Prémio de Co-Inovação Genio Partner | Spacebar Tecnology Solutions.
Painel 3: Decoding Generative AI to Transform Business and Scale Success
Alina Buteica, especialista em L&D e RH, Fundadora e CEO da Illuminated Essence & Growth Hives, falou sobre o tema “Desenvolvimento Consciente da IA Generativa nos Negócios”. Desafiando os participantes a refletirem sobre se estaremos no pico… ou apenas no início da inovação da IA Generativa, a oradora mencionou exemplos de empresas que estão na vanguarda desta tecnologia: A Unbabel (que ajuda as empresas a fornecerem uma customer experience multilingue e em escala) e a Wild.AI (a aplicação de IA Generativa focada em elevar as potencialidades únicas do corpo da mulher).
A empreendedora referiu ainda a RedBridge Lisbon – o clube de empreendedores e investidores que faz a ponte entre Lisboa e São Francisco, e que tem dedicado a sua atividade à organização de eventos sobre IA & Negócios: no Centro Champalimaud, em Lisboa; no Shack15, em São Francisco; no RedBridge Palácio, em Lisboa; contando até com artigos publicados na TechCrunch, em parceria com a Unbabel.
Alina Buteica sublinhou que todos devem envolver-se na definição do futuro da IA – não devemos deixar este assunto apenas para os especialistas (uma vez que impacta o futuro de todos nós). A oradora defendeu ainda que devemos promover uma utilização responsável da IA, promover a compaixão pelo meio ambiente, pela vida humana e por todas as formas de vida, bem como uma IA não só biomimética como ética, ao serviço do nosso planeta e da vida humana.
“A natureza sem IA continuaria a ser um lugar bonito… Mas a IA sem natureza, a vida num mundo totalmente gerado/criado artificialmente… é uma fronteira que não deve ser ultrapassada, para bem da humanidade”, concluiu a oradora.
Filipe Marques, Chapter Lead em Data Analytics e IA na Siemens, trouxe ao Q-Day um caso de sucesso implementado na empresa onde trabalha: “ai:express – IA Generativa automatizada e implementação de Chatbot”.
Tendo em conta que na Siemens “pretendemos tornar os LLM acessíveis a todos, disponibilizando uma plataforma que pode ser customizada para atender às necessidades únicas de cada negócio”, o orador explicou que esta experiência nasceu precisamente do desafio de haver uma framework para adaptação de domínios dentro das diferentes unidades da Siemens, que estivesse acessível a todos.
Foi desta forma que surgiu o ai:express, com uma interface user-friendly, apta para ser utilizada até por quem não sabe código, dotada de segurança, integração com os serviços Siemens Cloud, compatível com vários modelos LLM e capaz de suportar vários formatos de ficheiros e análise de URL (parsing). Além disso, a ferramenta está a ser testada para diferentes utilizações: AI attack assistant, RolandUnplugged, SGES Topic Modelling, Sumarização de Conferências, Documentação do Sistema de Gestão Integrado e Siemens Data Cloud, exemplificou o orador.
Hugo Cartaxeiro: Fundador & Managing Partner da Singularity Digital Enterprise e da Urbiwise, começou por apresentar uma breve história do desenvolvimento da IA, focando as diferenças entre os Parâmetros de IA e o Cérebro Humano, bem como a importância dos Large Language Models: “Os LLM são únicos na sua capacidade de gerar texto coerente e de alta qualidade, muitas vezes indistinguível do texto humano”.
De seguida, o orador abordou o tema do impacto da IA Generativa nos negócios, afirmando que “a IA Generativa está preparada para despoletar uma poderosa onda de crescimento da produtividade que irá, provavelmente, afetar todas as indústrias e acrescentar até 4,4 mil milhões de dólares, por ano, à economia global”.
Relativamente à importância de ser um first mover, o empresário referiu que estes “pioneiros” caraterizam-se pela sua competitividade (acesso antecipado a investigação de ponta, ferramentas e plataformas para criar soluções e produtos inovadores); pelo seu impacto (ao serem capazes de resolver alguns dos desafios e oportunidades mais prementes); pelo seu crescimento (ao automatizarem e otimizarem processos e também ao renovarem a cultura empresarial com novas formas de trabalhar e pensar); e pela capacidade de aprendizagem (diferentes perspetivas e experiências ao expandirem o conhecimento e as competências).
Liliana Ferreira: Diretora do Fraunhofer Research Center for Assistive Information and Communication Solutions em Portugal, dedicou a sua apresentação ao tema “O Futuro da Inteligência Artificial”.
Tendo explicado anteriormente as principais diferenças entre Inteligência Artificial e Machine Learning, a oradora citou Picasso – “Os computadores são inúteis. Tudo o que fazem é dar respostas”, para esclarecer que “a IA Generativa é um assistente tremendamente poderoso. Os humanos têm a responsabilidade de questionar a IA e, portanto, de controlar a sua atividade e verificar a relevância dos seus resultados (outputs)”.
Liliana Ferreira recordou que a IA desempenha atualmente (e bem) uma série de tarefas: gerar relatórios, melhorar os brainstormings, detetar anomalias ou atividades específicas, segmentar informação, traduzir textos, criar conteúdos a partir de diferentes fontes de dados, “ler” imagens, gerar transcrições, etc. Mas a IA nem sempre é utilizada para bons propósitos, sublinhou a oradora, enumerando alguns casos de fake news, bots, trolls ou microtargeting.
Para concluir a sua participação no terceiro painel, Liliana Ferreira lembrou a importância de projetos como o Center for Responsible IA e a Artificial Intelligence Certification, que possibilitam a proveniência, a governança, a rastreabilidade, a responsabilização e a transparência dos dados.
João Ferro, Chief Technology Officer na Quidgest, começou por dizer que, “na Quidgest, acreditamos que o desenvolvimento orientado por modelos está na base do software à prova de futuro” e que “no domínio da IA Generativa, os modelos ocupam o centro do palco”.
O orador aproveitou para destacar alguns dos benefícios do Genio. A plataforma da Quidgest é capaz de gerar código automaticamente, graças à sua abordagem de desenvolvimento orientada por modelos, resultando em soluções imediatamente prontas a usar. Sabia, por exemplo, que através da utilização de IA, a geração automática de código do Genio permite passar de uma tradicional média de 3 bytes por segundo (programadores humanos) para uns impressionantes 1.000.000 bytes por segundo? Os benefícios para os gestores e empreendedores são claros: tempo de comercialização (time to market) mais rápido, melhores índices de colaboração e custos de desenvolvimento reduzidos.
Contudo, de acordo com o orador, os programadores de software tradicionais não precisam ter medo de perder os seus empregos: “deixem o Genio tratar da parte repetitiva do código, enquanto se concentram em funções de maior valor acrescentado”. Ao utilizar as potencialidades criativas da IA Generativa, combinando-as com a previsibilidade de um motor de inferência, será possível resolver as falhas mais significativas de ambos os modelos e permitir a criação de soluções digitais através de prompting, em vez de trabalho manual.
Painel 4: Decoding Generative AI to Reshape the Future of Work and Skills
Zoltan Istvan: Especialista em IA e autor de “The Transhumanist Wager”, juntou-se ao evento remotamente para partilhar uma mensagem sobre Transumanismo – um conceito que ganhou força substancial nos últimos anos e que prevê um futuro no qual as fronteiras entre a tecnologia e a biologia se diluem para desbloquear todo o potencial da existência humana.
O que está a acontecer? “Nos últimos 12 meses, a IA Generativa parece ter mudado o mundo, tendo chegado mais cedo do que esperávamos”, afirmou o orador. O antigo jornalista afirmou ainda que muitas profissões terão, inevitavelmente, de ser reconfiguradas. No entanto, a IA também facilitará a exploração de novas opções de tratamento e cuidado médico e poderá mesmo melhorar as nossas capacidades humanas através da incorporação de componentes robóticas no nosso corpo.
Perante este cenário tecnológico e económico emergente, “a IA é uma nova forma de ganhar dinheiro para muitas empresas”, “um novo motivo para recomeçar as nossas carreiras profissionais”, mas também “uma nova forma de tornar as empresas melhores”, concluiu o orador.
Bernardo Ferreira, E-Commerce Marketing e SEO Specialist na Worten Portugal, subiu ao palco para mostrar “Como permanecer na vanguarda do Marketing Digital”.
A apresentação do orador destacou vários pontos-chave. Em primeiro lugar, salientou que estamos a viver uma nova era de buscas na internet (search era), descrevendo-a como a maior transformação de sempre da Google. Esta realidade conduziu a uma mudança significativa no comportamento dos clientes e, hoje, são já 46% as jornadas do consumidor que se iniciam no Google. Como resultado, este facto disrompeu as customer journeys mais tradicionais, fazendo com que o tráfego orgânico diminuísse, ao mesmo tempo que se verifica um aumento de tráfego para as páginas de detalhe dos produtos (PDP).
Em segundo lugar, o orador falou da importância do conteúdo visual. Sublinhou que já não há lugar para “imagens enfadonhas” no panorama digital. De seguida, explorou o potencial de criação de descrições de produto únicas, utilizando várias ferramentas como chatGPT, Jasper e Copy.ai. Além disso, Bernardo Ferreira abordou o papel dos Chatbots na melhoria do envolvimento com o cliente. Ao implementar Chatbots de conversação alimentados por modelos de linguagem LLM, as empresas podem finalmente colmatar a lacuna entre as interações automatizadas e o toque humano, fornecendo respostas completas e em tempo real às perguntas dos clientes.
Também no contexto do quarto painel, o orador aprofundou o conceito de personalização, indo mais além da personalização tradicional rumo a uma personalização dinâmica e generativa, com aplicações como o virtual try-on a servirem de exemplo notável desta tendência.
Isabel Ramos, Professora Associada do Departamento de Sistemas de Informação da Universidade do Minho, escolheu como tema da sua apresentação “Sinergia entre a atenção Humana e a Artificial: um projeto para a excelência organizacional do século XXI”.
A oradora explicou que a atenção é “parte integrante de inúmeras operações mentais – incluindo a compreensão, a memória, a aprendizagem, a leitura de emoções noutras pessoas – essenciais para a agilidade na vida e a excelência do que fazemos. A atenção é uma capacidade cognitiva humana complexa e fundamental, na medida em que influencia a perceção, a cognição e o comportamento”.
Assim, uma grande quantidade de informação cria uma pobreza de atenção, explicou a oradora. Porquê? Em 2020, o mundo gerava diariamente 2,5 quintiliões de bytes de dados (SG Analytics). Prevê-se que este número cresça exponencialmente nos próximos anos. Mais… com a proliferação dos smartphones, das redes sociais e da internet, as pessoas estão expostas a uma quantidade avassaladora de informação e conteúdos. As constantes notificações, os alertas e o estado “always-on” dos nossos dispositivos digitais ameaçam profundamente o nosso foco.
Mas será que podemos dizer que os sistemas de IA têm a capacidade de prestar atenção? Isabel Ramos considera que a investigação tem conceptualizado a IA como a capacidade de selecionar e dar prioridade aos dados de entrada (inputs) relevantes para o desempenho de uma tarefa específica. No entanto, a IA também pode “distrair-se” ou ficar “sobrecarregada”, devido ao processamento de sequências de dados muito extensas, à ambiguidade ou a padrões de dados pouco claros, aos inputs que diferem substancialmente dos dados utilizados para o treino do sistema de IA, ou aos inputs meticulosamente elaborados com o objetivo de enganar os modelos de IA.
Susanna Coghlan, Europe Business Development Manager na Quidgest, partilhou com os participantes uma apresentação sobre o tema “Descodificar a inovação: porquê as ideias importam mais do que as competências em código”.
Tomando como exemplo um projeto pessoal no Camboja, a oradora explicou como é possível gerir uma pequena fundação familiar muito bem ligada ao mundo das TI graças a computadores portáteis doados, a um software básico de programação e a kits de robótica. “A ideia era que estas ferramentas fossem intuitivas – bastando doar os kits às crianças e deixá-las livres para decidirem como construir e direcionar os robôs”, explicou a oradora.
A Quidgest possui uma visão partilhada semelhante esta, corporizada através da plataforma Genio e da Quidgest_Academy: democratizar as oportunidades, promovendo a capacidade de todos conseguirem gerar impacto através da transformação digital. “As pessoas na Quidgest acreditam que a criatividade não deve estar limitada às competências tecnológicas. Acreditamos que as pessoas se devem focar na inovação e nas ideias para melhorar o nosso mundo, não em escrever código”, sublinhou Susanna Coghlan, referindo-se a dados recentes do Future of Jobs 2023 do World Economic Forum.