“A IA Generativa já está (e vai continuar) a impulsionar o setor de retalho” – entrevista a José Fonseca, Procurement, Logistics & Asset Management Solutions Manager na Quidgest
Inteligência Artificial não é propriamente uma novidade, tendo abandonado o imaginário dos filmes de ficção científica há muito tempo. Há anos que, todos os dias, lidamos com a IA. São muitas as empresas que usam ferramentas para otimizar o seu negócio, aumentando a produtividade e diminuindo os seus custos. Muitas vezes sem dar conta, somos envolvidos neste mundo que tanto tem dado que falar. Por exemplo, quando fazemos uma compra online e recebemos recomendações, ou quando utilizamos o assistente virtual, comum em qualquer loja online.
A IA generativa “poderá aumentar a dimensão da economia portuguesa em 15.000 milhões de euros”, o equivalente a 6% do Produto Interno Bruto (PIB) e poupar, em média, mais de 80 horas por ano a cada trabalhador. Estes dados foram revelados por um estudo da Public First encomendado pela Google. Revelado no último trimestre de 2023, o estudo conclui “que 86% dos trabalhadores em Portugal pensam que as ferramentas generativas de IA irão ajudá-los a ser mais produtivos, sendo que este valor sobe para 91% por parte dos trabalhadores de escritório”.
“Ao ajudar todos em Portugal a concentrarem-se em tarefas mais produtivas e criativas, a IA pode acelerar o crescimento económico e, por sua vez, trazer progressos nos desafios sociais” pode ler-se.
Entre várias conclusões, o estudo sublinha que com a implementação da IA nas empresas “para ajudar na monitorização preventiva dos riscos e na melhoria das competências dos trabalhadores em matéria de cibersegurança, Portugal poderia mitigar 690 milhões de euros de riscos de cibersegurança”.
1. Quais, na sua opinião, as grandes vantagens na implementação de soluções de IA generativa?
No caso específico da Quidgest, as grandes vantagens da IA generativa – uma IA que cria novos conteúdos ou soluções a partir de padrões aprendidos em dados existentes – são potenciadas pela combinação da IA generativa simbólica (como a oferecida pela nossa plataforma de geração automática de código – o Genio) e IA generativa neuronal (com ferramentas como o Chat GPT). Esta sinergia entre as duas abordagens de IA generativa – uma que se foca em símbolos e regras lógicas para imitar o raciocínio humano (simbólica), e outra que aprende de exemplos e realiza tarefas específicas, imitando o funcionamento do cérebro humano (neuronal) redefine os conceitos de eficiência e inovação no desenvolvimento de software.
Explicado de outra forma: a IA generativa simbólica é excelente para automatizar e otimizar processos complexos, melhorar a eficiência e reduzir custos. Permite a personalização em larga escala, oferece experiências únicas aos clientes e utilizadores, além de facilitar a análise de dados complexos, fornecendo insights valiosos para a tomada de decisão estratégica e a inovação contínua. A adição da IA generativa neuronal, com ferramentas de linguagem natural, traz um novo nível de capacidade analítica e criativa. Esta IA consegue entender e gerar linguagem humana com uma precisão surpreendente, o que permite criar interações mais naturais e intuitivas entre humanos e máquinas.
Esta combinação dá origem a sistemas de gestão de informação muito mais holísticos, robustos e capazes de abordar uma gama mais ampla de desafios e aplicações em diversos setores. Esta integração reduz também drasticamente o número de profissionais de TI necessários para o desenvolvimento de soluções digitais, ao mesmo tempo que acelera significativamente o time to market. É desta forma que a Quidgest agiliza a entrega de soluções digitais, posicionando-se como uma espécie de one-stop-shop com vantagem competitiva no mercado atual.
2. Especificamente no retalho, quais as áreas onde terá mais impacto?
A IA generativa já está (e vai continuar) a impulsionar o setor de retalho, especialmente em áreas como a eficiência operacional e a redução de custos. É por isso que na Quidgest estamos empenhados em desenvolver sistemas que facilitem a automatização e a simplificação de processos administrativos e operacionais, de forma a que as organizações se concentrem em atividades mais estratégicas e com maior valor acrescentado. Verificamos igualmente transformações drásticas que vão desde a gestão de stocks até à otimização da cadeia de abastecimento – melhoria da precisão do inventário e da eficiência logística, para um fluxo de produtos (e processos) mais ágil e adaptado às necessidades do mercado.
Paralelamente, a experiência do cliente está a ser fortemente impactada pela utilização de assistentes virtuais e chatbots que proporcionam um atendimento mais personalizado e disponível 24/7. Esta inovação estende-se à personalização da oferta, com recomendações direcionadas para uma experiência de compra mais relevante e envolvente para cada cliente.
Além disso, a IA generativa tem-se revelado muito útil na identificação de mudanças nos comportamentos e preferências dos consumidores e na deteção de tendências emergentes. Ao recolher, processar e gerar relatórios com dados em tempo real, é também possível desenvolver e redirecionar estratégias de Gestão, Marketing e Vendas de forma mais célere e fundamentada, maximizando assim a tomada de decisão baseada em informação precisa e atualizada.
3. Como olham hoje para a AI generativa e para todo este interesse que se tem registado em redor da mesma? As empresas estão preparadas ou renitentes a (mais) esta transformação?
Na Quidgest, olhamos para a IA generativa como uma força transformadora que impacta não apenas o setor tecnológico, mas todos os ramos de negócio e atividades humanas. Por isso mesmo, os desafios a enfrentar são imensos – e vão desde a tendência para o overhype até à necessidade de um enquadramento ético e legal para uma utilização responsável por parte de todos.
Apesar disso, não vemos a IA como uma ‘ameaça’ à espécie humana – bem pelo contrário, acreditamos que se trata de uma ferramenta que, quando bem utilizada, complementa e amplia as capacidades humanas, ajudando-nos a expandir os nossos talentos e a atingir novos patamares de produtividade e inovação. Prova disso, há quase 35 anos, é a nossa plataforma Genio: enquanto a escrita manual pode produzir cerca de 4 carateres por segundo, o Genio acelera este processo de geração de código para uma velocidade de 1,8 milhões de carateres por segundo, revolucionando a criação de código com uma produtividade e uma precisão humanamente impossíveis!
Relativamente à segunda pergunta, creio que as reações das empresas variam consideravelmente quanto ao impacto da IA generativa nos seus processos de transformação. Algumas estão entusiasmadas e prontas para adotar novas tecnologias, vendo-as como oportunidades para se destacarem da concorrência e prosperarem; outras permanecem mais cautelosas ou até renitentes, devido a preocupações relacionadas com a integração de sistemas, custos de implementação ou desafios regulatórios, por exemplo.
Para apoiar todo o tipo de empresas nesta jornada, a Quidgest oferece não apenas soluções tecnológicas inovadoras, mas também formação personalizada e suporte técnico contínuo. O nosso objetivo é tornar a transformação digital acessível e bem-sucedida para qualquer entidade pública ou empresarial, garantindo que todas possam aproveitar as vantagens desta nova era tecnológica, independentemente do seu estágio de maturidade digital ou capacidade de adaptação à mudança.
4. Há a ideia de que só as grandes empresas estão preparadas e prontas a implementar estas soluções. É verdade? As pequenas e médias empresas podem (e conseguem) dar o salto?
A IA generativa não é exclusiva das grandes empresas. Pequenas e médias empresas também podem beneficiar das soluções de IA generativa, por diversos motivos, como revelam estudos recentes.
A IA generativa é um facilitador de áreas como a criação de conteúdo, o design de produtos, a automação de tarefas administrativas ou o apoio ao cliente, conclui a Alliage Inc. Também um relatório da McKinsey sublinha como a IA generativa aumenta a produtividade e a eficiência operacional, permitindo que empresas de todos os tipos e tamanhos realoquem recursos para atividades mais inovadoras e estratégicas. O American Entrepreneurship Today complementa esta visão, lembrando que a IA generativa traz criatividade e eficiência operacional extra para as empresas mais pequenas, permitindo que estas acompanhem as tendências do mercado e escalem rapidamente.
Creio que a chave está em escolher soluções e ferramentas que se alinhem às necessidades e aos desafios específicos e únicos de cada empresa, já que a que a IA generativa oferece vantagens significativas para todas elas, ajudando-as a otimizar processos, a impulsionar a inovação e a melhorar a satisfação do cliente.
5. Quais as soluções mais procuradas e qual a vossa oferta quando falamos de retalho e distribuição?
A Quidgest dispõe de soluções de software ágeis que respondem aos mais diversos desafios de gestão na transformação digital em áreas como Saúde, RH e Formação, Banca, Seguros e Serviços Financeiros, Gestão Documental, Proteção de Dados e Cibersegurança, Gestão Pública, entre muitas outras. Em termos de Aprovisionamento, Logística, Distribuição e Gestão de ativos, a minha área de atuação, a Quidgest oferece um conjunto completo de soluções e funcionalidades que não só otimizam os recursos disponíveis, como ajudam a cumprir os objetivos de controlo, rigor, qualidade, sustentabilidade e conformidade legal e regulamentar exigidos às entidades públicas e empresariais.
São soluções que cobrem as atividades de Gestão de Aprovisionamento, Encomendas com picking list de produtos por fornecedor, Gestão de Faturação Integrada no Processo de Encomendas, Gestão de Centros de Logística, Armazéns e Stocks, Gestão de Entrada e Saída de Mercadorias, Tracking, Gestão de Frotas, Controlo e Avaliação de Fornecedores, Gestão de Manutenção de Infraestruturas e Equipamentos, para citar algumas.
Estes sistemas de informação distinguem-se pela sua produtividade, diferenciação e também flexibilidade. Ao evoluírem rapidamente para adaptação a diferentes contextos e necessidades (graças ao desenvolvimento em Genio), são eficazmente aplicados: na automatização da gestão de stocks; no planeamento de produção ou reposição de produtos; na gestão de cadeias logísticas complexas que envolvem diferentes geografias ou fornecedores; na otimização de rotas com vários tipos de transportes e/ou agregação de cargas; no armazenamento com diferentes instalações, níveis de ocupação e regulamentações; na gestão de riscos da cadeia de distribuição; na otimização da utilização de tecnologias de rastreamento e monitorização em tempo real; na gestão orçamental e financeira; ou no suporte ao cidadão para atendimento de pedidos, resolução de problemas e avaliação da satisfação. Para mais informação, poderão consultar o catálogo de soluções disponível no website da Quidgest ou solicitar-nos uma demonstração.
Esta entrevista integra uma reportagem originalmente publicada no jornal HiperSuper.