Quando o tempo de resposta tende para zero, o valor tende para o infinito
João Simões de Abreu, 30 de novembro, 2021
“‘Uh, pode vir o mais depressa possível?’ Ele concordou em ser o mais rápido que conseguisse. Para minha surpresa, apenas três minutos depois, o serralheiro estacionou a sua carrinha […] Em menos de dez segundos, tinha a porta aberta, permitindo-me recuperar as minhas chaves do porta-bagagens e seguir com a minha vida”.
“‘Quanto é que lhe devo’ perguntei. ‘São 50 dólares, por favor.’”
Chris Guillebeau sublinha que “secretamente queria que o serralheiro demorasse mais tempo a chegar, embora isso me tivesse atrasado ainda mais. Queria que ele lutasse para desbloquear o meu carro como parte de um grande esforço, ainda que não fizesse qualquer sentido. O serralheiro respondeu às minhas necessidades e providenciou uma solução rápida e abrangente para o meu problema. Fiquei insatisfeito com a nossa troca sem uma boa razão”.
O autor sentiu-se enganado. Ficaria mais satisfeito se a solução tivesse demorado mais tempo. O serralheiro tinha acumulado experiência ao longo dos anos, o que o tornou uma peça eficaz e fiável para a resolução de problemas no seu campo de trabalho.
A questão principal gira em torno do tempo: deverá o serralheiro ganhar menos porque o seu trabalho visível demorou cinco minutos ou deverá ele ganhar mais porque demorou apenas cinco minutos?
As pessoas e empresas de várias áreas de trabalho não deveriam ser premiadas ou compensadas pelas horas que dedicam a um projeto, mas sim pelos resultados que entregam.
Guillebeau retrata este paradigma no livro amplamente popular “The $100 Startup”. Ele deixou as chaves do carro dentro do porta-bagagens do seu carro alugado e precisava de uma solução rápida. Caso contrário, chegaria atrasado a um importante compromisso. O serralheiro resolveu o seu problema em menos de cinco minutos, assegurando que a situação não o atrasaria.
Se um indivíduo ou uma empresa entregar um produto de qualidade em menos tempo, deve haver uma compensação por isso. Se quiser que algo seja corrigido urgentemente, deve pagar pela resolução imediata – quando o tempo de resposta tende a zero, o valor tende a infinito.
O tempo é geralmente a moeda mais importante de todas, mas no desenvolvimento de software parecemos estar a usá-lo mal. Não devemos valorizar algo apenas com base no período que levou para ser completado. Devemos também (e mais importante) apreciá-lo pelo valor acrescentado que trouxe a ambos os lados, o qual, por sua vez, é altamente dependente das variáveis circunstanciais.
As empresas de desenvolvimento de software ainda estão a trabalhar numa lógica hora/taxa em vez de uma abordagem baseada em resultados: este software levou-nos 100 horas a desenvolver, daí o seu custo. O mesmo se aplica a pequenos ajustes, tais como atualizações de regras de negócio, que podem demorar dezenas de horas. Mais uma vez, o foco do preço não é o resultado nem a resposta rápida, mas o tempo que levou para completar o pedido. Por que razão ou razões é que este paradigma permanece numa altura em que conhecemos uma realidade melhor?
Uma vez que a maioria há muito estabelecidas no mercado tem este procedimento de trabalho, compromete as empresas novas ou mais inovadoras com uma abordagem baseada em resultados para o desenvolvimento de software. A grande maioria das empresas e consultoras têm modelos de negócio assentes em horas de desenvolvimento.
Além disso, as organizações que procuram uma solução seguem frequentemente as buzzwords do mercado para criar requisitos. Por sua vez, estas palavras minam as organizações que abordam os objetivos de forma diferente. Isto é visto predominantemente em concursos públicos, onde os requisitos limitam as empresas que podem concorrer ou não concorrer a projetos devido às restrições de processos e tecnologia.
Como consequência, a longo prazo, afeta as empresas que querem inovar e as que estão a comprar a tecnologia, uma vez que limitam o concurso apenas àquelas que respondem diretamente às suas necessidades.
Dito isto, deve o desenvolvimento de software manter-se preso às taxas horárias? Ou deverá o mercado mudar para um preço baseado em resultados, ou seja, quanto mais rápido os resultados forem entregues, maior será o valor?
Temos uma melhor forma de abordar o desenvolvimento de software.
Uma nova forma impulsionada pelas realidades low-code e no-code e auxiliadas pela inteligência artificial.
Uma nova forma que lhe permite desenvolver 10 vezes mais rápido com 1/10 dos recursos.
Esta nova forma chama-se Genio.