Organizações data-driven: ser ou passar a ser, eis a questão*
Bruna Ferreira, 16 dezembro, 2022
Sabia que as organizações data-driven têm 6 vezes mais probabilidades de manter os seus clientes atuais, 23 vezes mais probabilidades de conseguir novos clientes, e 19 vezes mais probabilidades de obter lucro, revela um estudo da McKinsey? Isto porque, quando os processos organizacionais assentam em dados e em análise de informação – desde o planeamento estratégico à tomada de decisão – a cultura dos “achismos” e das intuições dá lugar a uma cultura data-driven baseada em factos e evidências, que recolhe, mede e cruza dados de forma a gerar um panorama claro sobre o passado, o presente e o futuro da organização.
Segundo o Índice de Maturidade Analítica utilizado pelo Cappra Institute for Data Science, as organizações passam por vários estágios de evolução no que respeita ao uso de dados: data-negation, data-curious, data-try, data-safety e, por último, data-driven. Carl Anderson, Diretor de Data Science na Indigo e autor do livro “Creating a Data-Driven Organization: Practical Advice from the Trenches”, considera que para alcançarem este último patamar, as organizações devem garantir três requisitos: ferramentas, competências e cultura.
1. Ferramentas
Há um episódio relatado na Harvard Business Review por Jeff Lawson, CEO da Twilio Inc., que lembra uma mítica reunião na Amazon, na qual Jeff Bezos explicou à sua equipa que a Amazon não era uma empresa de retalho, era uma empresa tecnológica: “O nosso negócio não é o que está dentro das caixas castanhas. É o software que envia as caixas castanhas para o seu destino”, referiu.
Hoje, 15 anos depois desta frase ter sido proferida, torna-se ainda mais claro que na Economia Digital, quem possui o melhor software possui os mais elevados níveis de capacidade, agilidade, competitividade e inovação. É através da tecnologia que competem hoje no mesmo ringue startups e multinacionais centenárias, em busca do primeiro lugar na preferência dos seus clientes. Como? Através de um fluxo de trabalho automatizado e coordenado, um repositório de conhecimento continuamente organizado, conformidade com legislação em vigor, e o acesso a relatórios e dashboards inteligentes cujos indicadores permitem antecipar as necessidades dos clientes e tomar decisões mais rápidas, assertivas e com menos riscos e custos envolvidos. Porquê? Nomeadamente, porque assentam em dados cuja análise preditiva, descritiva, prescritiva e diagnóstica contribui para a estratégia organizacional.
2. Competências
Uma organização data-driven possui a capacidade de extrair insights inteligentes a partir dos dados. Portanto, para passarmos de dados (representação de um ou vários atributos quantitativos ou qualitativos) para informação (dados processados e explicados com um propósito) são necessários profissionais com competências específicas. Profissionais com expertise não só em programação ou cibersegurança, mas também em análise, medição e interpretação de dados, que podem adotar um vasto leque de designações, como Chief Data Officer, Intelligence Officer ou Data Scientist, por exemplo, mas que independentemente do título da função estão capacitados para operar em áreas como Business Intelligence e/ou Business Analytics.
Business Intelligence refere-se a um conjunto de técnicas e soluções que definem como a organização recolhe, mede e analisa os dados. É uma área reativa, que produz relatórios fáceis de entender sobre o passado e o presente da organização (“O que aconteceu?”, “O que está a acontecer?”), permitindo avaliar ou extrapolar sobre as decisões tomadas pela gestão. Estes profissionais lidam diariamente com processamento analítico, monitorização de dados, gestão de desempenho, relatórios, métricas e KPI.
Já a Business Analytics dedica-se a explorar, processar e analisar grandes quantidades de dados acumulados, de forma a permitir visualizar tendências, padrões e previsão de cenários futuros (“O que vai acontecer?”, “O que pode acontecer em caso de X ou de Y?”). Estes profissionais utilizam frequentemente ferramentas de recolha de dados, análise quantitativa e estatística, modelagem preditiva, simulações e otimizações para extraírem insights e darem suporte à tomada de decisões na organização.
3. Cultura
Os dados estão profundamente entranhados nas operações diárias, na mentalidade e na identidade de uma organização. E uma cultura data-driven capacita os seus colaboradores com o know-how necessário para conhecerem, enfrentarem e até anteciparem os seus desafios profissionais mais complexos. Pelo caminho, estas pessoas tornam-se mais criativas e eficazes, aplicando e otimizando o seu tempo em operações estrategicamente identificadas, na criação de conhecimento… e na geração de inovação.
Ainda no livro “Creating a Data-Driven Organization: Practical Advice from the Trenches”, Carl Anderson explica: “Num mundo orientado pelos dados, é preciso garantir que todos compreendem o objetivo, os dados recolhidos, as métricas e como o principal decisor está a interpretar as evidências. Para ajudar nesta missão, lembre-se da mnemónica DECIDA: Defina o problema. Estabeleça os critérios. Considere todas as alternativas. Identifique a melhor alternativa. Desenvolva e implemente um plano de ação. Avalie e monitorize a solução e o feedback quando necessário. Por outras palavras, certifique-se de que todas as partes interessadas estão de acordo com cada uma destas etapas”.
Os dados estão profundamente entranhados nas operações diárias, na mentalidade e na identidade de uma organização. E uma cultura data-driven capacita os seus colaboradores com o know-how necessário para conhecerem, enfrentarem e até anteciparem os seus desafios profissionais mais complexos. Pelo caminho, estas pessoas tornam-se mais criativas e eficazes, aplicando e otimizando o seu tempo em operações estrategicamente identificadas, na criação de conhecimento… e na geração de inovação.
Ainda no livro “Creating a Data-Driven Organization: Practical Advice from the Trenches”, Carl Anderson explica: “Num mundo orientado pelos dados, é preciso garantir que todos compreendem o objetivo, os dados recolhidos, as métricas e como o principal decisor está a interpretar as evidências. Para ajudar nesta missão, lembre-se da mnemónica DECIDA: Defina o problema. Estabeleça os critérios. Considere todas as alternativas. Identifique a melhor alternativa. Desenvolva e implemente um plano de ação. Avalie e monitorize a solução e o feedback quando necessário. Por outras palavras, certifique-se de que todas as partes interessadas estão de acordo com cada uma destas etapas”.
*Este artigo foi publicado originalmente na 19.ª edição da newDATAmagazine®.