Os astronautas têm a possibilidade de ver em primeira mão o que muitas vezes só conseguimos ver em imagens de satélite. Ao longo dos anos, muitos exploradores espaciais relataram uma mudança cognitiva que agora conhecemos como “Overview Effect” [Efeito Panorâmico] – a experiência de ver a realidade da Terra no espaço, que é imediatamente entendida como sendo um pequeno e frágil berlinde azul, protegido e sustentado por uma atmosfera fina como papel. Do espaço, as fronteiras desaparecem, os conflitos que dividem as pessoas tornam-se menos importantes, e a necessidade de criar uma sociedade planetária com a vontade de proteger esta pequena bola a flutuar no vazio torna-se imperativa.
Para os astronautas, este sentimento pode nunca ter sido tão forte ou urgente como é hoje.
Argélia, Canadá, Grécia, Itália, Tunísia, Turquia, Estados Unidos e Sibéria. Estes são apenas alguns dos países que estão a arder no momento em que este artigo está a ser escrito. A maioria dos fogos, se não todos, estão ligados às alterações climáticas, responsáveis por causar condições meteorológicas mais perigosas – temperaturas mais elevadas e menos precipitação.
A quatrocentos quilómetros de distância da Terra, na Estação Espacial Internacional (EEI), Thomas Pesquet e Megan McArthur podem ver os efeitos devastadores destes incêndios em todo o globo em apenas 90 minutos (o tempo que leva a EEI a orbitar a Terra).
Numa publicação no Twitter, o astronauta da Agência Espacial Europeia Pesquet mostra o efeito perturbador de um incêndio na Grécia e alarma a todos: “Ontem, as Nações Unidas divulgaram um relatório afirmando claramente que o nosso clima está a mudar, e precisamos de fazer escolhas difíceis como espécie para evitar o pior”.