A nossa Casa está a arder

João Simões de Abreu, 17 de agosto, 2021

Os astronautas têm a possibilidade de ver em primeira mão o que muitas vezes só conseguimos ver em imagens de satélite. Ao longo dos anos, muitos exploradores espaciais relataram uma mudança cognitiva que agora conhecemos como “Overview Effect” [Efeito Panorâmico] – a experiência de ver a realidade da Terra no espaço, que é imediatamente entendida como sendo um pequeno e frágil berlinde azul, protegido e sustentado por uma atmosfera fina como papel. Do espaço, as fronteiras desaparecem, os conflitos que dividem as pessoas tornam-se menos importantes, e a necessidade de criar uma sociedade planetária com a vontade de proteger esta pequena bola a flutuar no vazio torna-se imperativa.

Para os astronautas, este sentimento pode nunca ter sido tão forte ou urgente como é hoje.

Argélia, Canadá, Grécia, Itália, Tunísia, Turquia, Estados Unidos e Sibéria. Estes são apenas alguns dos países que estão a arder no momento em que este artigo está a ser escrito. A maioria dos fogos, se não todos, estão ligados às alterações climáticas, responsáveis por causar condições meteorológicas mais perigosas – temperaturas mais elevadas e menos precipitação.

A quatrocentos quilómetros de distância da Terra, na Estação Espacial Internacional (EEI), Thomas Pesquet e Megan McArthur podem ver os efeitos devastadores destes incêndios em todo o globo em apenas 90 minutos (o tempo que leva a EEI a orbitar a Terra).

Numa publicação no Twitter, o astronauta da Agência Espacial Europeia Pesquet mostra o efeito perturbador de um incêndio na Grécia e alarma a todos: “Ontem, as Nações Unidas divulgaram um relatório afirmando claramente que o nosso clima está a mudar, e precisamos de fazer escolhas difíceis como espécie para evitar o pior”.

A curto prazo, os incêndios representam uma ameaça à destruição da vida e subsistência de milhões de pessoas, mas, a longo prazo, podem representar um risco ainda maior. Após a perda de vegetação, o solo torna-se hidrofóbico (impede a absorção de água), o que acaba por contribuir para inundações repentinas e a penetração de metais pesados das cinzas e do solo para se nos lençóis de água. Além disso, à medida que as florestas ardem, grandes quantidades de fumo são libertadas para a atmosfera. Tais fumos podem percorrer longas distâncias, levando a inúmeros problemas de saúde, mesmo em populações que não estavam em risco imediato de queimar as suas infraestruturas devido aos incêndios. Em 2019, a UNICEF relatou que 10 milhões de crianças indonésias estavam em risco devido à poluição do ar devido aos incêndios florestais.

Olhando para o futuro próximo, o problema intensifica-se. Um novo relatório do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (Intergovernmental Panel on Climate Change – IPCC) das Nações Unidas adverte que o “tempo de incêndio” irá provavelmente aumentar até 2050 em todo o globo. Por “tempo de incêndio”, entendam-se mais dias em que as condições são quentes, secas e ventosas o suficiente para desencadear e manter os incêndios florestais.

Infelizmente, os incêndios são apenas uma das preocupações que a Humanidade terá de enfrentar num futuro não tão distante. Numa entrevista ao Business Insider diretamente a partir da EEI, McArthur da NASA também adverte sobre outros sinais de alterações climáticas: “Grandes tempestades tropicais – estas estão sempre a chegar e potencialmente as inundações que as perseguem […] Podemos ver todos esses efeitos daqui de cima”.
“As alterações climáticas já estão a afetar todas as regiões da Terra de múltiplas formas. As mudanças que experimentarmos irão aumentar com o aquecimento adicional”, refere Panmao Zhai, copresidente do grupo de trabalho I do IPCC, num comunicado de imprensa.
O relatório do IPCC é claro: a Terra não irá recuperar do aquecimento global durante milhares de anos. Mas, pelo lado positivo, ainda temos tempo para evitar o pior da crise climática. Cada meio grau de aquecimento que pode ser evitado faz uma diferença significativa.

Como conseguimos atingir o patamar que evitará o pior cenário e assegura que os nossos filhos terão um Planeta habitável será um dos temas de discussão no próximo Q-DAY Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2030, que se centrará nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e em como podemos utilizar a tecnologia, nomeadamente os dados, para ultrapassar os desafios mais prementes da Humanidade.

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